Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Páscoa deve movimentar R$ 1,62 bilhão em 2021. Parece muito, mas na verdade é o menor volume de vendas desde 2008, registrando uma queda de 2,2% em relação a 2020.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirma que os impactos da pandemia na renda da população e o fechamento do comércio às vésperas do feriado explicam a baixa expectativa. “Esse é um segmento que depende de um consumo presencial. Ainda há uma grande dificuldade de adaptação das vendas on-line para a compra de itens como chocolate, ovos de Páscoa e produtos de supermercado, apesar de todos os avanços já feitos pelas empresas.”
Presidente do Sindilojas-GO (Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás), Eduardo Gomes dos Santos acrescenta que “esses lockdowns fizeram com que a população dispusesse hoje de uma renda menor, e isso, aliado à alta da inflação, traz um efeito negativo nas vendas, que realmente tendem a cair em relação a 2019 e 2020″.
Especificamente sobre o volume de vendas, a queda esperada é menor do que a observada no ano passado (28,7%), mas há baixa expectativa dos varejistas por conta da redução das importações de produtos típicos da data. A quantidade de chocolates importada este ano (2,9 mil toneladas), por exemplo, foi a menor desde 2013 (2,65 mil toneladas).
Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, destaca que a desvalorização cambial de 23%, nos últimos 12 meses, encareceu a importação de produtos típicos. Ele reforça, ainda, que a festa ocorre em um período de maior comprometimento da renda familiar, fora da janela de pagamento do auxílio emergencial.
Segundo dados do Banco Central, 28,4% da renda dos brasileiros está comprometida com o pagamento de dívidas – o maior patamar da série, iniciada em 2005. “É o que chamamos de tempestade perfeita”, finaliza o economista.